Sim, há como provar, com baixíssima margem de erro, que a gente é gamer durante uma boa parte do nosso dia a dia. O papo rápido de hoje é sobre nossa relação com games, ou mais especificamente, a GAMIFICAÇÃO de tudo que nos cerca.
Mas então, o que é um GAMER?
Uma definição breve nos dá o estereótipo mais óbvio: jovem que fica em casa com roupa de moletom e passa o dia todo jogando seus jogos no PC, PS4, Xbox, etc.
Ok, é uma boa definição, para muitos casos, mas ainda assim é apenas um, dos muitos perfis que podemos chamar aqui de GAMERS, com o perdão da generalização.
Roberta, 46 anos, advogada, casada, 2 filhos, navega em média 4 horas por dia entre Facebook e Instagram, responde uma enquete aqui, curte uma foto ali, posta um stories de vez em quando e retorna de tempos em tempos pra acompanhar as curtidas e views.
Então, a Roberta pode não perceber, mas ela está jogando.
Segundo muitos, a criação do LIKE foi determinante para escancarar a nossa necessidade de recompensas em nossas relações humanas e também o nosso contato com o lúdico, não por coincidência, todas as redes sociais se adaptaram e aplicaram seus próprios estilos de ‘like’ em suas plataformas.
Sim, isso sempre esteve entre nós humanos, e podemos também verificar comportamentos muito semelhantes em outros animais, com facilidade.
As redes sociais só deixaram essa característica mais clara.
Um estudo interessante…
Em 1971, o psicólogo Michael Zeiler fez um estudo para identificar quais os melhores mecanismos de recompensas para pombos. No experimento, haviam dois grupos de pombos:
Grupo 01: os pombos bicavam um botão e recebiam uma recompensa direta.
Grupo 02: os pombos bicavam o botão e recebiam a recompensa com menor frequência.
Descobriu-se que, com uma taxa de recompensa entre 70 e 80% das vezes em que o botão era apertado, os pombos aumentavam a frequência com que bicavam o dispositivo.
Se a recompensa vinha com frequências muito baixas, fazia até com que os pombos perdessem o interesse e deixassem de apertar o dispositivo.
Conclusão (resumidíssima):
‘’Quando o resultado era bom, mas não garantido, os pombos tentavam muito mais”
Para entrar mais no assunto, o link abaixo leva para uma matéria mais completa sobre o estudo.
https://www.theguardian.com/technology/2017/feb/28/how-technology-gets-us-hooked
Mas então…
O que um experimento com pombos tem a ver com nosso dia a dia?
Não sei. Mas apertar botões e ganhar recompensas não soa familiar?
Um termo que tem sido muito usado recentemente é o gamification, ou gamificação em português. O termo refere-se a toda essa forma de interagirmos com as coisas, com base em uma ação que gera recompensa, fazendo com que tenhamos estímulos mais prazerosos ao realizar nossas tarefas.
Gamification está aí, as empresas têm cada vez mais prestado atenção a isso. Quem sabe num próximo papo, a gente aborda mais esse aspecto e como sua empresa pode gamificar mais no dia a dia.
Não vou abrir aqui um questionamento enorme sobre certo e errado, positivo e negativo, o objetivo é apenas instigar sobre um assunto muito interessante e que diz muito sobre nossa relação com as coisas, e talvez de quebra, perceber que podemos ter mais semelhanças com aquela figura de moletom em casa jogando seu joguinho, do que imaginávamos!