Como publicitários, designers, redatores, UX/UI e gestores de projeto e de mídias sociais, estamos diariamente nos adaptando. Nossa análise e critérios de desenvolvimento e aplicação variam, diariamente, mais do que a temperatura do outono caxiense (que começa o dia com 0 °C e termina a tarde em 20 °C).

Num piscar de olhos, precisamos mudar o foco de desenvolvimento de indústria automotiva para moveleira para food service, varejo ou serviço. Isso tudo com a capacidade de transmutar estética, linguagem, mecanismos de identificação e compreensão para ajudar nossos clientes a se comunicar da maneira mais eficiente. Sempre, todos os dias, e com prazos cada vez menores.
Então, como as principais habilidades procuradas em profissionais no ano de 2021 influenciam a nova maneira de direcionar o profissional criativo?
Segundo a Forbes, algumas das habilidades mais valorizadas para este ano vão de encontro com essa capacidade que precisamos desenvolver diariamente:
Mentalidade de crescimento, aprendizado contínuo, pensamento crítico, habilidade de sobrevivência(?), resiliência e curiosidade.
Todas são fundamentais para qualquer profissional, mas vale observar o quanto compreender e colocá-las em prática é importante, em especial, para o profissional criativo.
2020/2021 e suas novas incertezas.
Criatividade consiste em desenvolver a capacidade de conseguir fazer de uma maneira diferente, (e eficiente) aquilo que sempre foi feito da mesma forma.
E que maneira melhor de desenvolver a capacidade de adaptação do que numa pandemia global, onde todos os parâmetros (profissionais e sociais) foram redefinidos?
Saber lidar com incertezas, se adaptar rapidamente e evoluir com isso são premissas que sempre farão parte da nossa realidade. Criatividade e comodismo são eternos opostos.

Criatividade e “banco de dados” na era de acesso ilimitado à informação.
Hoje, a escalabilidade da quantidade, qualidade e facilidade de acesso à informação nos dá a oportunidade de aprender, comparar e filtrar conteúdo como nunca antes na história da civilização.
Todos podemos assimilar, ensinar e criar novas maneiras de desenvolver e alimentar nosso repertório.
É de fundamental importância sempre analisar, aprender e guardar essas informações para poder trazer soluções relevantes. Alimentar esse “banco de dados” próprio é necessário e imprescindível para o criativo. Ontem, hoje e sempre.

A capacidade de enxergar oportunidades
Essa rotina de imersão diária também é um mecanismo que está permanentemente sujeito a novos insights e oportunidades para aplicação.
Então, entender como novas tendências e oportunidades podem ser utilizadas para promover soluções atuais enquanto “novidade”, com certeza, é um diferencial. Mostra a capacidade do criativo de enxergar além e conectar com o público através daquilo que lhe é relevante e atrativo no momento.

Ahhhh, o caos criativo.
Toda criação passa por uma linha de tempo semelhante: assimilação – inquietação – solução.
Para cada uma dessas etapas, o desenvolvimento de algumas aptidões se fazem necessárias: interpretação, propriedade, repertório, pensamento crítico, empatia e capacidade de argumentação.
O processo criativo é caótico. Mas o que precisamos saber é que, apesar de ser parte fundamental do caminho para se chegar ao resultado final, podemos controlá-lo.
Sem a procura constante por dominar essas habilidades, o resultado pode não ser o ideal ou, ainda pior para o criativo: ser “mais do mesmo”.

Multitasking
Família, trabalho, casa, cachorro (gato/peixe/planta), WhatsApp bombando, e-mails acumulando, pauta comendo, tudo isso em 24h… aff.
Quem nunca?
Tecnologias evoluem de maneira exponencial, tudo para facilitar as nossas vidas. O que, talvez, não nos damos conta é que isso abre o precedente para fazermos mais, mais rápido e tudo ao mesmo tempo.
O profissional criativo deve saber utilizar isso como são: ferramentas.
Aprender permanentemente e se atualizar em ferramentas que ajudam a otimizar prazos de desenvolvimento e sobrar mais tempo para o processo de concepção propriamente dito.
Então, se você leva tempo demais pra encontrar aquele comando no Photoshop, não consegue achar a aba correta no Trello, ou apanha para organizar uma estrutura de orientação para aquele roteiro, as ferramentas podem estar atrapalhando o fluxo criativo.
Dominar esses facilitadores, estipular (e cumprir) prazos razoáveis, cobrar feedbacks e criar uma rotina orientada por checklists podem e, com certeza, vão te ajudar a conseguir equilibrar esse mundaréu de coisas que precisamos resolver todos os dias.

A milenar arte de saber incubar e maturar ideias (pero no mucho).
Boas soluções não necessariamente nascem de trás de uma mesa ou na frente do computador. Quem nunca teve aquele insight avassalador no chuveiro, na fila do pão, ou no meio de uma inquieta noite de sono?
Muitas ótimas soluções criativas passaram pelo processo de assimilação e incubação – aquele tempo necessário para colocar todo acervo de referências no mesmo plano como ferramenta criativa para encontrar uma maneira original de resolver a parada.
Mas claro, como todos sabemos, tempo tá valendo mais um NFT que viraliza. Então precisamos saber equilibrar e não tornar o processo de maturação de ideias uma procrastinação. O que nos leva ao próximo tópico.

Melhor feito do que perfeito
Desculpem-me, mas hoje, no mercado concorrido, com a escassez de tempo e o excesso de atribuições e responsabilidades, o perfeccionismo pode não ser uma qualidade.
O aperfeiçoamento, sim, é um processo que leva tempo e parte do princípio e melhoria contínua. Mas o importante é executar de maneira viável e cumprir a necessidade imediata com cuidado e esmero. Atenção aos detalhes para, aí sim, colocar em prática.
Detalhismo, essa é uma característica que pode ser um diferencial. Como já dizia o provérbio alemão: “o diabo mora nos detalhes”. Agora, a procura pelo perfeito que inviabiliza a execução pode tornar o processo criativo exaustivo e atrapalhar completamente o fluxo de trabalho.
Então, como o título do excelente livro do Tiago Mattos diz: Vai lá e faz. Coloca em prática o melhor que suas habilidades podem entregar e, se o tempo e as circunstâncias permitirem, aperfeiçoe.

Mais importante do que o que queremos comunicar é como somos compreendidos.
E, pra finalizar esse artigo, sempre, SEMPRE colocar em prática o exercício da empatia.
A capacidade de nos colocarmos no lugar do público com quem estamos nos dirigindo.
É isso que define o tom, a estética e a mecânica que o material deve ter.
Não é à toa que essa é a primeira pergunta de qualquer briefing básico.
Sem essa característica a comunicação fica voltada pro umbigo do criador (ou do cliente).
E por que razão nos comunicamos? Pro cliente ou pelo cliente? Então entenda seu público. Fale sua língua. Seja sua representação e entregue através dos meios que ele transita.
Ser compreendido corretamente é, sempre, mais importante do que o ato de comunicar em si.
