Quem frequenta o TikTok já deve ter visto um vídeo ao menos de uma empresa chinesa vendendo todo tipo de bugiganga. Eles fazem parecer que um pequeno apartamento vira uma cápsula de nave espacial de 2340. E o melhor: ainda vem com historinha!
E essa venda de estilo de vida não se limita apenas à sua casa, também se estende ao ambiente de trabalho. Que tal trabalhar num lugar fofo e ainda poder esquentar uns gyozas para fazer aquele lanche?
Entretanto, venho hoje falar não apenas sobre esses vídeos que deixam todos com vontade de comprar, lideram para o perfil e, posteriormente, para o link do produto. Venho expor um desastre apocalíptico nas redes: as vendas de três segundos.
Isso mesmo, a influenciadora e vendedora Zheng XiangXiang, no seu melhor traje, mostra o produto sortido – desde roupas até eletrodomésticos – por três segundos. E arrecadou supostamente 13 milhões de dólares em uma semana.
Por mais incrível que pareça, a estratégia de vendas deu muito certo entre os internautas e, principalmente, entre os 500 milhões de seguidores da influenciadora.
O método, considerado “desonesto” por muitos (dado que mal eram compartilhados os detalhes dos produtos), foi proibido pelo governo chinês no Douyin, o aplicativo do país equivalente ao TikTok.
E o que isso diz sobre a nossa sociedade consumidora?
De primeira, vemos como a seletividade de produtos está muito mais afunilada à indicação de figuras “importantes” do que pesquisa própria. Muitas tendências também se aplicam a esse movimento, como os dos copos Stanley, em que diversas pessoas compraram um apenas pelo fato de ser algo que todos queriam. O mais cômico foi a comunicação da empresa que os copos contêm chumbo em sua composição. Pouco, mas contêm. Isso levou uma massa de proprietários dos copos a jogarem-nos no lixo.
Em um segundo momento, podemos analisar esta questão como um “buraco mais embaixo”. O rápido consumo e descarte de produtos é um problema que gera muitos outros, desde aumento de aterros sem separação devida de detritos a dessensibilização dos compradores.
Um bom documentário sobre a visão dos trabalhadores de empresas supostamente consideradas sweatshops é o “Sweatshops: Deadly Fashion”. Ele demonstra como a precariedade do serviço é uma realidade difícil de mudar hoje em dia.
De qualquer forma, é difícil pensar em uma solução tangível para essa questão. Pegar todo mundo pela mão e dizer para serem mais criteriosos na escolha de produtos? Exigir políticas que sejam justas para todas as etapas da cadeia de produção? Tudo muito difícil para quem não quer sair do sofá depois das 18h.
Enfim, vou assistir uns TikToks para me distrair.