(Alô, mãe! Este texto é pra você, que sempre definiu meus hobbies como “uma perda de tempo inútil”).
Nascida pós o boom dos slashers oitentistas, passei boa parte da adolescência sem entender como medo e entretenimento podiam andar juntos. Hoje, uns bons anos mais velha, eu me uni ao time dos que amam filmes de terror daqueles bem clichês. Quanto pior, melhor.
Dito isto, acredito que exista algo muito particular sobre captar a atenção da audiência despertando sensações que, em teoria, ninguém quer sentir. Mas as pessoas pagam por isso, movimentando bilhões numa indústria calejada de vilões mascarados, presenças demoníacas e sangue que jorra bem na sua cara.
E se consumir enredos batidos era o meu passatempo juvenil, agora me pego encontrando neles algumas “lições de vida”, pequenos mantras que revisito quando um problemão (no trabalho e fora dele também) surge para massacrar a minha cabeça. Quer ver só? Trouxe três dos meus prediletos para você, anota aí:
1. ÀS VEZES, EVITAR UM CONFRONTO É A COISA MAIS CORAJOSA A SE FAZER.

Talvez você tenha a ideia mais criativa do Universo, e ela seja vetada logo de cara. Talvez você escreva um texto irretocável e veja voltar repleto de grifos e sugestões de alteração com as quais você não concorda.
E é então que eu te pergunto: até onde elaborar um dossiê de defesa, rebatendo cada apontamento feito, configura a coisa certa a se fazer?
Claro, há ocasiões nas quais a sua postura profissional implica em defender um posicionamento (do tipo em circunstâncias nas quais o cliente corre o risco de ser mal interpretado pelo público). Fora isso, o que te leva a se apegar tanto às suas criações? Let it go, meu chapa.
2. IMAGINE OS PIORES CENÁRIOS POSSÍVEIS (E ANTECIPE FORMAS DE SOBREVIVER A ELES).

Perseguida e traumatizada, a protagonista da franquia Halloween (1978) passa metade da trama evitando Michael Myers, e a outra metade entendendo que ele é inevitável. A partir daí, Laurie sacode a poeira, esquece a ideia de fugir e começa a se preparar para encará-lo. O resultado? Ela aprende a atirar, cria armadilhas, pensa em mecanismos de defesa e espera o assassino chegar.
E é mais ou menos aqui que você deve estar se perguntando “beleza, e daí?”.
Bom, no campo das possibilidades, sempre existirá outra campanha a ser feita, outro conteúdo a ser escrito e muita coisa que pode dar errada neste trajeto. Em contrapartida, ter um plano B (e C, D, E e quantas outras letras do alfabeto forem necessárias) traz todo um jogo de cintura para a sua rotina.
O que muitos chamam de pessimismo, neste caso nada mais é do que criar uma rota secundária para a qual recorrer em caso de emergência.
3. SE PEDIR AJUDA FOR SALVAR A SUA PELE, ENGULA O ORGULHO.

Quem me conhece sabe que eu passo por maus bocados tentando verbalizar minhas necessidades. No entanto, o Jornalismo implica em integrar equipes, unir esforços e gritar por socorro vez ou outra. Dentro dos processos típicos de uma agência, então, nem se fala.
Faz parte esclarecer dúvidas e recorrer aos seus colegas mais experientes toda vez que bate um bloqueio. Cedo ou tarde, todo mundo precisa de ajuda mesmo, e encarar isso com a naturalidade que a ocasião exige é a fórmula secreta para criar conexões reais.