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Rebranding: o revival de franquias não é algo novo

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A história se atualiza

Faz cerca de um ano que postamos textos aqui no blog no assunto de como as franquias de cinema fazem rebranding, e por focarmos em obras mais recentes, pode parecer que essa prática é nova.

Mas longe disso, a atualização de franquias famosas do cinema ocorre há muito tempo, inclusive diversas vezes no século passado, e muitas vezes, de formas mais rápidas e recorrentes.

É inegável que atualmente o cinema, especialmente o hollywoodiano, passa por uma grande crise de criatividade e originalidade, recorrendo a marcas já conhecidas pelo público, apostando fortemente em sequências, remakes, reboots e criações de universos compartilhados.

E apesar disso ser mais aparente hoje em dia do que em qualquer outra época, isso não significa que não houve períodos similares em décadas passadas.

Também vale dizer que nem toda franquia é atualizada apenas após estar desgastada, muitas vezes há um interesse genuíno em trazer algo de sucesso de volta aos holofotes. 

Vejamos alguns exemplos interessantes de filmes que tiveram diferentes atualizações no século passado.

Imortal como vampiros

Rebranding: o revival de franquias não é algo novo

Drácula foi um dos personagens mais atualizados para diferentes gerações

Um personagem que teve ao menos três atualizações diferentes e famosas no século XX foi o clássico Drácula, adaptado da obra de Bram Stoker escrita em 1897 e que popularizou o mito do vampiro no imaginário popular.

Assim que o cinema foi criado como uma forma de contar histórias, logo já se começou a adaptar livros para essa mídia visual. 

Uma das primeiras tentativas foi com o filme Nosferatu (1922), de F. W. Murnau. Inicialmente a ideia do filme era adaptar o livro de Stoker, mas por conta de restrições com direitos autorais, foi decidido criar uma versão própria do vampiro, interpretado por Max Schreck. 

O interessante é que o filme ainda mantém muitos elementos de Drácula, mas adiciona suas próprias ideias, como o visual mais monstruoso do vampiro e sua fraqueza mortal pelo sol (elemento que não constava no livro e foi criado no filme).

Horror Film GIF by Turner Classic Movies - Find & Share on GIPHY

Apesar de ser basicamente uma “cópia” de Drácula, Nosferatu se tornou tão icônico que conseguiu entrar na cultura pop como uma importante figura na mitologia de vampiros, até mesmo sua fraqueza pelo sol se tornou cânone em diversas obras posteriores.  

Foi apenas em 1931 que ocorreu a adaptação oficial de Drácula, agora pela Universal Pictures com Bela Lugosi no papel do monstro, em uma atuação que se tornou tão icônica que provavelmente é a primeira imagem que vem à sua cabeça quando se fala do personagem.

Rebranding: o revival de franquias não é algo novo

Bela Lugosi como Drácula (1931)

Nesse ponto, em menos de nove anos, já haviam duas versões famosas do mesmo personagem, com abordagens bem diferentes, e com um avanço tecnológico absurdo (uma silenciosa e outra com áudio).

Lugosi continuou no papel por anos e muitos outros monstros ganharam vida pelo estúdio Universal (como o monstro de Frankenstein, Lobisomem, A Múmia, Homem Invisível, etc).  

Na década de 1940, essas versões já estavam ficando desgastadas na visão do público, então logo na década seguinte (1950), o estúdio britânico Hammer fez novas versões dos mesmos monstros.

Drácula foi trazido novamente às telas, agora pelo ator Christopher Lee, que também criou uma versão icônica e adicionou novos elementos à mitologia geral dos vampiros, como os dentes caninos pontiagudos (algo que não estava no filme de 1931).

Rebranding: o revival de franquias não é algo novo

Christopher Lee como Drácula (1956)

Ou seja, na primeira metade do século XX, houveram três versões diferentes de Drácula, e todas elas foram atualizações certeiras para suas épocas. 

⚰️ Nosferatu vinha na onda de expressionismo alemão que revolucionou o cinema, com uso forte de contrastes e visuais marcantes (1920); 

🦇 Drácula de Lugosi veio na época do cinema falado, em que os diálogos passaram a ganhar mais força (1930);

🧛 Drácula de Lee veio no cinema com cores, agora era possível mostrar sangue e sensualidade (que sempre eram apenas sugeridos nas versões anteriores) sem tantas restrições (1950).

Depois disso, houveram milhares de versões de Drácula e Nosferatu no cinema e outras mídias, mas todas pegam um pouco emprestado dessas três mais famosas. 

O caso de Ben-Hur

Outro caso que teve diferentes versões no século passado foi a história de Ben-Hur, baseado no livro de Lew Wallace, publicado originalmente em 1880.

É uma trama épica de vingança que se passa em paralelo à história de Jesus Cristo, em que o jovem príncipe Judah Ben-Hur é traído pelo amigo de infância Messala, que faz parte do exército romano e o acusa injustamente de tramar o assassinato de um oficial. 

Ben-Hur é uma história que mistura muita ação, drama e vingança em um background bem cristão, são elementos que conquistaram bastante o público na época. 

Houve algumas adaptações do épico no cinema, as duas primeiras foram no cinema mudo, uma em 1915 e a segunda em 1925, essa última pelo estúdio Metro Goldwyn Mayer (MGM), que na época foi o filme mudo mais caro já feito, com orçamento de cerca de $ 3,9 milhões (equivalente a $ 53,1 milhões atuais).

O filme foi um enorme sucesso na época, arrecadando 10,7 milhões de dólares.

Rebranding: o revival de franquias não é algo novo

Ramon Novarro como Ben-Hur e Francis X. Bushman como Messala

Nos anos 1950, houve um retorno dos grandes épicos no cinema, e a MGM planejou trazer Ben-Hur de volta para uma atualização. Dessa vez dirigida por William Wyler e estrelado por Charlton Heston no papel principal.

Ben-Hur (1959) foi a maior produção de sua época, custando cerca de 15,2 milhões de dólares, e arrecadando $ 146,9 milhões nas bilheterias. 

O filme foi muito bem com a audiência e a crítica, tanto que levou 11 prêmios Oscar na premiação de 1960, o maior número que um filme havia ganhado até então, apenas alcançado depois por Titanic (1997) e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003).

O filme é famoso por uma sequência longa de corrida de carruagens, cena de ação que foi revolucionária para a época em questão de escala, figurantes e edição.

A sequência da corrida de carruagens foi um espetáculo à parte.

Vale dizer que Ben-Hur veio na onda do sucesso de Os Dez Mandamentos (1956) de Cecil B. DeMille, lançado pela Paramount Pictures (e também estrelado por Charlton Heston, curiosamente). 

Filmes épicos com um background religioso eram apostas certas na época, então essa atualização se deve muito a esse cenário do cinema hollywoodiano da década de 1950. Basicamente, a MGM queria seu próprio sucesso nos mesmo moldes.

Uma tendência que veio para ficar

O objetivo desse texto é mostrar que essas atualizações de franquias clássicas não são nada de novo nos cinemas, é uma tendência que vem desde o século passado e ganhou muita força nas últimas décadas.

Os próprios Ben-Hur e Drácula receberam outras versões após essas mais famosas. O vampiro teve diversas, mas uma das mais conhecidas foi a de Gary Oldman no filme Drácula de Bram Stoker (1992), dirigido por Francis Ford Coppola.

Rebranding: o revival de franquias não é algo novo

O Drácula de Gary Oldman também se tornou icônico

Não somente Drácula, mas Nosferatu também ganhou um remake em 1979, e mais um marcado para estrear agora em 2024.

Houve uma tentativa de reviver o interesse por Ben-Hur com um remake em 2016, mas que falhou miseravelmente em chamar qualquer atenção, afinal, a grande atração do filme original era a grandeza de sua produção, com milhares de figurantes e manobras reais, agora substituída por efeitos especiais e visuais pouco inspirados. 

A atualização de 2016 falhou em atrair público

Mas será que esses nomes famosos do século passado ainda tem algum poder hoje em dia? É bem possível que possamos ver ainda mais atualizações de grandes franquias do passado. 

Com a abordagem certa, qualquer obra pode voltar ao sucesso.

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