Como a teoria da Gestalt contribui para o design de interfaces?
Já faz tempo que sabemos que a psicologia interfere no modo como as pessoas percebem interfaces. Nesse sentido, os princípios da Gestalt nos ajudam a entender como conceber interfaces mais estéticas e funcionais. Mas… Vamos devagar. O que é mesmo a Gestalt e como usamos? Bom, a Gestalt é uma corrente da psicologia que surgiu na Áustria e na Alemanha, no início do século XX, quando alguns psicólogos começaram a ver que o nosso cérebro percebe a realidade de forma muito peculiar. Às vezes, de algumas manchas aleatórias de tinta, nós enxergamos animais, pessoas, plantas – surgem, assim, aqueles testes famosos com manchas, os testes de Rorschach.
Ou seja, para entender uma composição, o usuário precisa compreender os elementos visuais que a produzem. Em seu sentido mais amplo, a Gestalt defende que o inteiro é interpretado de maneira diferente que a soma de suas partes.
Em 2008, João Gomes Filho, designer brasileiro que estudou a relação entre o design e a Gestalt, publicou Gestalt do Objeto. Nesse livro, ele explica que a Gestalt ajuda as pessoas a assimilarem informações e entenderem as mensagens veiculadas. Para o designer, as leis da Gestalt são ferramentas que ajudam a controlar as formas que criam uma composição. A pregnância da forma é a lei básica da percepção visual da Gestalt:
A arte inicia-se no princípio da pregnância da forma. Ou seja, na formação de imagens, os fatores de equilíbrio, clareza e harmonia visual constituem para o ser humano uma necessidade e, por isso, são considerados indispensáveis. […] Quanto melhor ou mais clara for a organização visual da forma do objeto, em termos de facilidade de compreensão e rapidez de leitura ou interpretação, maior será o seu grau de pregnância. )
(GOMES FILHO, 2008, p. 14-32
Além disso, para a pregnância da forma, a experiência passada favorece a compreensão e a associação de objetos incompletos, desde que a consciência tenha conhecimento de sua existência. Nas interfaces digitais, são utilizadas sete leis da Gestalt, que ajudam a aprimorar a relação entre as pessoas e as tecnologias: unidade, segregação, unificação, fechamento, continuidade, proximidade e semelhança.
Leis da Gestalt
A unidade consiste naquilo que se encerra em si mesmo ou como parte de um todo.
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/unidade-1024x711.png)
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/segregacao-1024x711.png)
A segregação, por sua vez, é a capacidade de separar, identificar, evidenciar ou destacar unidades formais em um todo compositivo ou em partes desse todo. Pode-se segregar uma ou mais unidades, dependendo da desigualdade dos elementos, como forma e cor.
A unificação consiste na igualdade ou semelhança dos estímulos produzidos pelo campo visual, que confere equilíbrio ou sensação de simetria.
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/unificacao-1024x711.png)
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/fechamento-1024x711.png)
O fechamento refere-se à interpretação que se faz cognitivamente da união de várias formas, porque elas sugerem igualdade ou semelhança na interpretação de um objeto completo ou porque sugerem que elementos diferentes se agrupam.
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/exemplo1_2-1024x599.png)
Já a continuidade diz respeito ao alinhamento de elementos que produzem um conjunto harmônico e passam a impressão de que os elementos estão relacionados.
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/continuidade-1024x711.png)
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/proximidade-1024x711.png)
A proximidade ocorre quando se percebe um conjunto de objetos: tende-se a ver os elementos mais próximos uns dos outros como parte de um grupo e elementos distantes como não pertencentes ao grupo, mesmo sendo semelhantes.
E a semelhança, por sua vez, acontece quando elementos são percebidos como parte de um grupo, caso se assemelham uns com os outros, mesmo não estando próximos.
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/semelhanca-1024x711.png)
![Gestalt: não é psicologia, é tecnologia](https://pandabranding.com.br/wp-content/uploads/2020/10/exemplo2-1-1024x466.png)
Cada uma dessas leis auxilia na compreensão da interface, ou seja, o designer as utiliza para organizar visualmente o conteúdo que deseja disponibilizar para o usuário. Assim, o usuário navega com mais facilidade pela interface, reconhecendo ou buscando informações específicas com mais agilidade. Se o designer faz bom uso das leis da Gestalt, ele proporciona uma boa experiência de interação para o usuário e, consequentemente, sucesso para os seus clientes.
Nossa preocupação, no Panda, é estudar e entender as teorias para aplicá-las no nosso dia a dia e nos trabalhos que entregamos aos nossos clientes, sempre prezando pela qualidade do nosso serviço.
Capa: Adaptação da capa do álbum Gestalt (2017) de Dion and the Magic Chords.