Saltar links

A cultura participativa e o perpetuar do interesse

Enquanto peça-chave, os consumidores exercem uma postura de ressignificação pavimentada por uma cultura onde consumir é apenas uma etapa do processo. Apaixonados e criativos, cabe a estes fãs vivenciar as possibilidades daquele objeto de afeto e interesse, seja ele uma série de TV, uma franquia de filmes ou um artista cujas vendas são um gráfico crescente de êxitos.

E se por anos, a ideia do fã tendia a referenciar uma predefinição pejorativa — em partes construída pela mídia, vale ressaltar — agora o que se percebe é a compreensão de que não há passividade ou manipulação que resista ao desejo de pertencer, participar ativamente e encontrar sua identidade de grupo baseada nos desejos em comum.

Tudo isto e muito mais compõe “Invasores do Texto”, livro de Henry Jenkins que resgata conceitos e termos de suas outras obras de acadêmico-fã, porém, entregando perspectivas e exemplos ainda mais claros desta relação entre produção, consumo e distribuição.

Com cases que abordam desde o intenso fandom de Jornada nas Estrelas, até a mobilização desencadeada pelo fenômeno noventista Twin Peaks, o que se percebe é a compreensão gradual da indústria no que diz respeito àqueles que a movimentam. Porque afinal, ainda que o mundo venha se adaptando constantemente ao fã-produtor, que desdobra conteúdos sobre o que consome, também há a resistência em entender este fã enquanto propagador, capaz de exercer poder sobre a oferta e a demanda.

Para quem estuda práticas de consumo, lovemarks e a atuação do consumidor fidelizado, “Invasores do Texto” é uma das tantas obras essenciais que um profissional de comunicação deveria ler pelo menos uma vez na vida. De bônus, ela ainda nos convida a analisar a linha tênue entre adaptação criativa integrada às práticas de consumo e os direitos autorais por parte de quem comercializa o produto inicial.

INVASORES DO TEXTO: FÃS E CULTURA PARTICIPATIVA

Autor: Henry Jenkins
Edição brasileira: ‎Editora Marsupial; 1ª edição (2015)
Capa comum‏: ‎384 páginas

Imagem de capa deste artigo: Son of Alan/Folio Art

Mais
Arraste