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O Fim do Designer de UX?

O design sempre se adaptou às mudanças. De ferramentas manuais para o digital, de esboços para wireframes interativos, essa evolução faz parte do DNA da profissão. Hoje, com a ascensão da inteligência artificial (IA) no cenário de design, surge um novo questionamento: estamos à beira de ver o fim do papel tradicional do designer de UX? Ou será que esse é apenas mais um capítulo dessa jornada contínua de transformação?

O que realmente significa ser designer?

Quando falamos em “designer”, o que vem à mente? 

A resposta para essa pergunta mudou consideravelmente ao longo das décadas. No início dos anos 2000, um designer de UX era sinônimo de um espaço físico cheio de post-its e esboços. Mas ao avançar para 2020, a imagem é diferente: telas digitais, kits de UI e protótipos visuais. A transição é clara, mas a essência do que significa projetar — resolver problemas humanos — permanece intacta.

A prática pode ter mudado, mas o foco central não. Ser designer de UX nunca foi apenas sobre estética ou a ferramenta usada. Trata-se de compreender profundamente os usuários, suas dores e desejos, e criar soluções que realmente façam a diferença. 

Sem habilidades? Sem problemas?

Imagine um cenário onde, em vez de prototipar manualmente, você simplesmente descreve o que precisa para uma IA e, em segundos, um layout está pronto. Precisa de uma interface para um aplicativo de finanças? A IA gera em instantes. Se as cores não agradam, basta um clique para ajustar. Esse tipo de automação parece prometer velocidade e eficiência inimagináveis.

Mas o design é muito mais do que fazer ajustes visuais ou escolher uma fonte. O processo envolve pensamento crítico, decisões estratégicas e um profundo entendimento das nuances do comportamento humano — camadas que, mesmo com ferramentas poderosas, continuam sendo uma exclusividade do cérebro humano. As ferramentas podem gerar soluções rápidas, mas o insight criativo ainda pertence ao designer.

O medo de ser substituído pela IA

É natural que muitos designers, especialmente os que estão começando na carreira, se sintam ameaçados. Com a constante inovação de ferramentas como o Figma, que agora permite a criação automática de interfaces, fica a dúvida: será que a IA vai, de fato, ocupar o lugar do designer humano?

Embora esse temor seja compreensível, a realidade é que as ferramentas de IA são projetadas para automatizar tarefas repetitivas e mecânicas — aquilo que, até certo ponto, poderia ser feito por qualquer pessoa treinada. Mas criar um design funcional e eficaz vai além de arrastar e soltar elementos. Envolve pensar sobre a experiência do usuário, os contextos sociais e emocionais, e propor soluções criativas. 

O design perdeu sua essência criativa?

Com a proliferação de sistemas de design padronizados, como o Material Design, e a busca incessante por eficiência, é tentador pensar que o design perdeu sua alma. As interfaces parecem cada vez mais semelhantes, a criatividade muitas vezes parece sufocada por padrões e o objetivo se tornou maximizar lucros em vez de criar experiências inovadoras.

Mas o design não é estático. Ele reflete as necessidades e prioridades da sociedade, que no momento podem estar centradas em eficiência e resultados financeiros. No entanto, à medida que os desafios do mundo moderno se tornam mais complexos e multifacetados, a necessidade de soluções criativas — que vão além do superficial — torna-se ainda mais evidente. E é aí que o designer entra em cena.

Um futuro para o designer: mais criatividade

No futuro, o papel do designer de UX será mais estratégico do que técnico. O avanço das ferramentas de IA eliminará as tarefas tediosas, liberando o designer para se concentrar no que realmente importa: pensar criticamente, resolver problemas complexos e criar experiências que surpreendam e engajem os usuários.

O designer do futuro será mais versátil, transitando por diversas áreas do conhecimento e utilizando sua criatividade de maneira integrada. Ele não será apenas um especialista em uma ferramenta ou técnica específica, mas um profissional multifacetado capaz de integrar diferentes habilidades para criar soluções inovadoras.

Estamos apenas no início dessa nova era do design, e a pergunta que resta é: como os designers vão se adaptar a essa transformação?

O futuro ainda está, sem dúvida, nas mãos dos designers.

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