Um guia prático para criar textos que convertem
“Lá vai ela, a chata da revisão.”
Em anos trabalhando com redação, é normal ouvir isso dos colegas. Mas ter a certeza de que o material que produzimos está alinhado com o briefing, gramaticamente correto, fluido e dentro das estratégias mais adequadas para o objetivo da campanha faz parte das tarefas de um bom profissional do ramo.
Erros na redação podem prejudicar a credibilidade da marca, afastar clientes e comprometer os resultados esperados. Para evitar esses deslizes, listei os 10 erros mais frequentes e como corrigi-los para sair do amadorismo e criar textos com maior capacidade de conectar e converter.
1. Erros de gramática e ortografia
Tem muita gente esquecendo de regras básicas da nossa língua na hora de escrever. E nada prejudica mais a imagem de uma marca do que erros de português. Eles passam uma impressão de descuido e amadorismo.



Para redatores e social medias, esses erros mais grosseiros até podem ser mais raros. Mas, às vezes, na intenção de rebuscar mais os textos, algumas pessoas usam algumas palavras sem concordância porque não sabem a regra ou só querem parecer mais “eloquentes”. E o resultado acaba sendo uma construção errada.
Exemplos:
- “Na qual” e “da qual” podem ser substituídas por “em que”, caso tenha dúvida de como usar.
- Errado: “Essa é a empresa na qual eu confio totalmente.”
- Correto: “Essa é a empresa em que eu confio totalmente.”
- “Onde” refere-se a lugares físicos. Na dúvida, também é melhor usar “em que”.
- Errado: “Estou numa situação onde preciso agir rapidamente.”
- Correto: “Estou numa situação em que preciso agir rapidamente.”
- Uso desnecessário de “no qual” e “na qual”:
- Tecnicamente correto, mas pouco fluido: “Este é o relatório no qual constam os dados.”
- Correto e mais direto: “Este é o relatório que contém os dados.”
- Crase antes de datas e horários:
- Errado: “Eu trabalho de segunda à sexta-feira.”
- Certo: “O evento vai das 11h às 18h.”
2. Falta de clareza no texto
Pior do que um erro de português, que pode ser corrigido numa revisão, um texto confuso ou com mensagens ambíguas é muito mais complicado para ajustar e pode afastar o leitor, dificultando a compreensão do que está sendo oferecido.
Exemplo: “Compre já para garantir o melhor produto.” (Falta de detalhes sobre o produto).
Para que a mensagem seja sempre entendida da melhor forma possível, é recomendado sair do “lugar comum” e explicar de forma objetiva e clara o real benefício do produto ou serviço.
Substitua frases genéricas por especificidades: “Compre já a cafeteira X, com a tecnologia Y que mantém o café quente o dia todo.”
3. Não usar um Call to Action (CTA) eficiente
As chamadas para ação são essenciais em textos de venda, anúncios e até em redes sociais. Afinal, a gente sempre quer induzir o leitor a algo, seja acessar uma página, baixar um conteúdo, vender um produto ou comentar sobre um assunto.
Um CTA fraco ou inexistente deixa o leitor sem saber o que fazer após consumir o conteúdo. E aí você pode estar perdendo a chance de converter essa pessoa em um cliente, deixando ela simplesmente ignorar seu texto.
Exemplo: “Que tal baixar o e-book?” (CTA fraco)
Use sempre imperativos claros e específicos (“Baixe agora o e-book gratuitamente e aprenda os métodos que vão te destacar como redator.”) e não deixe de ajustar o CTA ao objetivo daquela campanha (“Assista ao vídeo para saber mais” ou “Compre hoje com desconto exclusivo”).
4. Excesso de jargões ou linguagem técnica
Uma linguagem simples é a forma mais eficaz de se conectar com os leads. Mesmo em comunicações com público mais qualificado, termos técnicos ou rebuscados podem deixar de comunicar benefícios claros e alienar parte da audiência.
Para exemplificar, vamos fazer um exercício e pensar quais dessas chamadas vende mais.
1 – Implementamos uma solução omnichannel para otimizar o ROI das estratégias B2B.”
ou
2 – “Criamos uma estratégia para aumentar seus resultados em vendas.”
1 – “Smartphone com 128 G de memória RAM.”
ou
2 – “Celular que não te deixa na mão e armazena mais de 30.000 fotos e vídeos.”
Em ambos exemplos, a comunicação das duas chamadas tem o mesmo sentido, mas a segunda frase aborda de forma mais clara o que o produto traz de benefício a quem está interessado, sendo, portanto, mais eficaz.
5. Ignorar o público-alvo
Um dos grandes segredos para escrever textos que convertem é saber com quem você está falando. Isso deixa o conteúdo mais personalizado e único. Textos que não conversam com o público-alvo deixam de engajar e gerar resultados.
Para entender sobre seu público-alvo, tenha em mente quem são as personas da marca e suas dores, ajustando o tom de voz e a linguagem que mais se adequam a cada uma delas.
O usuário só vai se interessar em ler seu texto se ele se identificar com o conteúdo. Uma das formas de fazer isso é usar uma linguagem mais próxima. Em redes sociais, especialmente, ele deve pensar “essa marca está falando comigo”. E a estratégia mais eficaz, nesse caso, é usar uma linguagem simples, direta e em primeira pessoa.
Exemplos:
- “A XYZ Serviços Comerciais trabalha para os clientes prosperarem.” (menos atrativo)
- “Nós trabalhamos ao seu lado para que você prospere.” (mais atrativo)
6. Ser muito genérico
Em tempos de ChatGPT, um redator experiente sabe quando foi a IA que gerou os textos, porque, se você não souber usá-las, a tendência é que eles fiquem muito superficiais.
A criatividade está em se inspirar em referências existentes e criar algo novo a partir delas, sempre adaptando tudo à comunicação da marca e seus objetivos. Assim, você terá sempre um material original e específico.
7. Esquecer de adaptar o texto ao canal
Você fez um lindo post para o Instagram, e agora o cliente quer repostá-lo em todas as outras redes sociais ou canais de comunicação. O erro é fazer isso sem adaptar o conteúdo a cada canal.
Um texto que funciona bem em um blog pode ser inadequado para o Instagram e vice-versa. Cada ponto de contato é uma oportunidade única de impactar o cliente ou lead, porque a relação que as pessoas têm com cada um deles é diferente.
- Blog: informativo e detalhado.
- Instagram: breve e visual.
- E-mail: pessoal e persuasivo.
- LinkedIn: profissional e sério.
- TikTok: descontraído e casual.
8. Promessas exageradas ou enganosas
As pessoas não são tão levianas ou inocentes quanto alguns estrategistas digitais ou redatores de mídias sociais podem achar. Um anúncio ou post com promessas exageradamente atrativas gera desconfiança e pode prejudicar a reputação da marca.
Exemplo: “Perca 10 kg em 3 dias de forma fácil.”
Todo mundo sabe que não é tão fácil nem tão rápido assim. Para evitar desconfiança, seja sempre realista e transparente nas promessas. Uma forma de fazer isso é sendo mais específico, detalhando os benefícios reais e sustentáveis do produto ou serviço.
Exemplo: “Comece a perder peso e veja sua vida mudar a cada passo.”
9. Repetição excessiva de palavras
Usar palavras repetidas muito perto uma da outra é a fórmula para deixar um texto cansativo.
O nosso vocabulário é tão rico e possui uma infinidade de palavras sinônimas, advérbios ou ideias similares, que todo bom redator ou profissional de marketing precisa conhecer e aplicar.
Deixe sempre à mão ferramentas como dicionários online para compor frases e textos com mais variedade de termos e expressões.
10. Revisão final
Sempre revise o texto em diferentes momentos para identificar erros que passaram despercebidos. Uma dica é ler em voz alta para testar a fluidez e identificar problemas de coesão.
Ao final, peça a um colega para também passar os olhos, porque é comum quem produziu o texto deixar passar algum pequeno erro.
Encantar os leitores com as palavras, despertar atenção e interesse, tocar em dores, gerar emoções… tudo isso torna nossos textos mais atraentes e com maior capacidade de conversão. Basta aplicarmos essas dicas e nunca deixar de pesquisar referências, estudar concorrentes, entender os consumidores e conhecer a fundo seu produto e sua marca.